domingo, 25 de outubro de 2015

Reportagem da TVI sobre as Testemunhas de Jeová (TJs)

Não será missão deste blogue defender ou atacar outras congregações religiosas, porém quando no passado Domingo (18/10/2015) na TVI foi passada a reportagem intitulada "Na sombra do Pecado", com um intuito claro de difamar uma minoria religiosa, fiquei indignado com a fraca qualidade da peça e sendo membro de outra congregação religiosa minoritária, não pude deixar de passar esta oportunidade de expressar essa indignação. 

Para piorar a jornalista Ana Leal foi ao programa da manhã da TVI e tratou de publicitar um pouco mais a sua investigação e salientar de um modo insultuoso que os TJs são uma seita. deixo aqui o link quem quiser aprofundar o tema.

Uma das perguntas dirigidas à jornalista é porque não se mostrou o lado bom dos TJs, isto é, poderia por exemplo entrevistar pessoas activas e convictas na religião. Ana Leal desculpou-se de que a liderança dos TJs foi contactada por várias vezes para um contraditório, mas que recusaram sempre prestar declarações. Também terá tentado entrevistar pessoas crentes, mas não encontraram ninguém com disposição para falar. A jornalista insinuou que os líderes controlam os seus crentes de tal forma que são todos proibidos de falar com a comunicação social. O que é curioso disto tudo é que vendo a reportagem verifica-se que alguns dos ex-TJs não se identificaram. Eu pergunto-me se seria tão difícil encontrar alguém para defender a sua religião eu acho que esses defensores nem sequer iriam pedir a protecção da sua identidade. Se o controlo da liderança, fosse assim tão apertado, com certeza alguém falaria protegendo a sua identidade. Será que a jornalista esforçou-se o suficiente para encontrar crentes com vontade de falar? Sinceramente, tenho as minhas dúvidas! 

A jornalista tenta dar um aspecto credível à sua reportagem, quando diz que usou os testemunhos de dois investigadores que serão à partida imparciais. É curioso que um dos investigadores é Professor da Universidade Católica. Se alguém vê aqui imparcialidade eu não vejo nenhuma!

Quanto ao outro investigador, a Profª Helena Vilaça (da Universidade do Porto), verifica-se que o seu testemunho foi editado de forma a ficar o mais de acordo possível com o objectivo da reportagem, a difamação, pois claro. Li alguns trabalhos publicados por esta investigadora (muito interessantes), e o tom de análise é completamente imparcial e não tem nada a ver com o que foi passado na reportagem.

Voltando à reportagem odiosa da jornalista Ana Leal, a acusação mais grave é do encobrimento da Igreja em casos de pedofilia, em que os TJs tentam abafar o problema julgando internamente as pessoas e proibindo as pessoas de se queixarem às autoridades civis. É verdade que algumas congregações pelo mundo fora terão sido condenadas por encobrir casos de pedofilia, também é verdade que na doutrina TJ tentam no máximo possível evitar o uso dos tribunais seculares, porém como diz a Profª Helena Vilaça na sua dissertação de doutoramento:
 " ...no seu ponto de vista, as "Testemunhas de Jeová cumprem sempre a lei" - aspecto que fazem questão de enfatizar - "mesmo quando, por obediência à lei de Deus, são obrigados a transgredi-la" (Vilaça, Helena (2003), Da Torre de Babel às terras prometidas. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto) Nos casos de pedofilia eles cumprem a lei e não a transgridem, porque somente evitam ir a tribunal em simples "questões financeiras, calúnias ou diferenças pessoais, e certas questões legais" (wikipedia: 
Posições controversas das Testemunhas de Jeová) . Portanto apesar dos TJs admitirem que tendencialmente poderão transgredir as leis civis, se estas forem opostas às leis de Deus (como por exemplo no serviço militar obrigatório), no caso da Pedofilia ninguém é impedido de se queixar às autoridades seculares. As congregações condenadas são casos esporádico e pontuais e não parecem fazer parte das práticas habituais dos TJs.

Eu não concordo com muitas doutrinas dos TJs (imensas!) e com as interpretações exageradas que fazem com partes das escrituras, porém, admiro a sua religião, porque funciona numa base do voluntariado (assim como a nossa) e admiro os seus crentes que são pessoas dedicadas e acima de tudo estudam as escrituras, coisa que a maior parte da população Portuguesa não o faz!

Na minha opinião, a reportagem não é uma reportagem de investigação, mas simplesmente um acto de maledicência. Deixa de ser uma reportagem de investigação imparcial, porque só mostrou o lado negativo da religião. Por outro lado, numa tentativa de atrair público tenta debilmente colar temas polémicos e que foram escândalos noutras religiões (pedofília na Igreja Católica, pedidos exagerados de doações pela IURD, etc) e tenta mostrar alguma credibilidade usando e deturpando documentação interna (e confidencial) dos TJs e alguns estudos académicos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Blogue Vozes Mórmons e a morte dos apóstolos

Era previsível que o anti-mormonismo se expandisse para os países lusófonos. Sendo assim era expectável que essa expansão começasse pelo Brasil, país onde existem mais membros da Igreja a falar português.

Um grande representante desse movimento anti-mórmon é o blogue Vozes Mórmons. Não deixo aqui o link para minimizar a divulgação da propaganda publicada pelos autores do blogue.

Eu caracterizo o blogue como sendo anti-mórmon, porém eles dizem que o blogue somente "busca promover a informação e reflexão sobre temas relacionados à tradição mórmon em um ambiente de liberdade intelectual e respeito a crenças". 

A retórica utilizada pelos autores não é original, nos EUA, existe o MormonThink que utiliza a mesma argumentação, isto é, publicita ser um site de membros fiéis da Igreja, que mostra todos os pontos de vista, tudo muito liberal e Blá, Blá, Blá... Porém quando se entra no MormonThink, vê-se claramente conteúdos tendenciosos e que têm como fim denegrir a Igreja. Apesar de se apelidarem imparciais por colocarem tanto a posição apologética, isto é, de defesa da Igreja como a dos críticos da Igreja, a defesa da posição da Igreja é referida sumariamente e totalmente criticada e por outro lado defendem claramente a posição que é contra a Igreja. Sobre o MormonThink quem estivesse alerta veria que as pessoas que contribuíam para os artigos também frequentavam os sites e fóruns anti-mórmons que pululam por toda a Internet Anglo-Saxónica. 

O site MormonThink revelou a sua verdadeira face quando o seu editor chefe tentou levar o Presidente Thomas S. Monson ao tribunal do Reino Unido com uma acusação de fraude. O juiz que avaliou o caso antes de ele seguir para tribunal considerou a acusação um abuso.

A minha experiência com o Vozes Mórmons veio comprovar o que já se suspeitava. Tal como o Mormonthink, está cheio de publicações tendencialmente maldizentes das doutrinas e práticas da Igreja. Ainda tentei colocar alguns comentários aparentemente respeitadores da política de comentários do blogue, mas que acabaram por não ser publicados. A única explicação possível para esta censura é de que os meus comentários não estavam dentro da linha das intenções dos autores do blogue, isto é, não concordavam com as incoerências escritas por eles. A excepção foi para um único comentário que ficou publicado e provavelmente deve ter ficado esquecido... Resumidamente, a tal liberalidade e respeito por todas as crenças é inexistente.

O mais grave ainda é a forma pouco ética como abordam os recentes falecimentos de apóstolos da nossa Igreja. 

O "post" sobre o falecimento do apóstolo L. Tom Perry, não é de maneira nenhuma um obituário, Vejam bem, o ódio destas pessoas é de tal ordem que põem-se a falar mal de uma pessoa falecida há muito pouco tempo (tinha falecido no dia da publicação) e ainda nem se tinha celebrado o funeral, portanto os familiares ainda estavam a sofrer pela perda de um ente querido, e estas pessoas estavam a ataca-lo acerca das suas crenças. 

Uma das principais acusações foi de que este apóstolo era "contra os direitos civis das pessoas LGBT" e para tal colocam uma imagem de uma notícia da Reuters cujo título era "Líder Mórmon L. Tom Perry Morre aos 92 anos, Opunha-se ao Casamento Homossexual”. 

Ora L. Tom Perry era um defensor do casamento tradicional e criou algumas reacções negativas nos movimentos LGBT quando no último discurso alertou sobre os "estilos de vida alternativos e falsos que tentam substituir a organização familiar". Para quem não sabe essa é a função de um profeta servir de atalaia  e alertar sobre os perigos do mundo, portanto alertar sobre pecados não é mais do que um exercício da sua liberdade religiosa. 

Será curioso que o autor do post não deixou o link para a notícia, somente traduziu o título de Inglês para Português. Saliente-se que é usual um jornalista colocar um título sugestivo e apelativo de modo atrair a atenção do leitor, mas depois o conteúdo da notícia (de um jornalista imparcial) tende a ser equilibrado e fidedigno da realidade da notícia. Este título tem como intenção atrair leitores que se interessam por assuntos relacionados com o casamento Gay, mas vejam que não caracteriza o apóstolo como um opositor de direitos civis. De certa forma ser contra o casamento Gay, não é necessariamente ser contra o direito dos Gays se casarem, porque antes de existir o casamento homossexual, os homossexuais sempre tiveram o direito de se casarem com pessoas de outro sexo, tal como os heterossexuais também só podiam casar-se com pessoas de outro sexo. O direito civil era igual para todos. A igualdade já existia! Deixemos esta discussão para um futuro "post".

Lendo o conteúdo da notícia (que as Vozes Mórmons não colocaram link) verifica-se que L. Tom Perry esteve presente (o que demonstra o seu apoio) quando os legisladores do estado de Utah introduziram uma lei impedindo a discriminação de pessoas LGBT. Será que foi por causa deste facto que o autor não postou o link? Afinal o grande opositor dos direitos LGBT andou a fomentar leis que protegem direitos dos homossexuais! Bem fica ao critério dos leitores o prognóstico das intenções do autor deste post. Já nem refiro a acusação ridícula de que este apóstolo foi um dos poucos apóstolos Mórmons polígamos no século 21 porque casou-se depois de ficar viúvo. 

Para piorar, recentemente, as Vozes Mórmons reincidiram no mesmo erro, isto é, voltaram a dizer mal de um apóstolo falecido, neste caso Boyd K. Packer. A acusação mais grave é de que este tacitamente terá aprovado "violência física contra homossexuais em um determinado caso". Tacitamente quer dizer que não é expresso, mas que se deduz, porém ao ler o que o apóstolo discursou na Conferência de Outubro de 1976, ele diz expressamente que não recomenda o uso de violência, porém admite que às vezes as pessoas precisem de se defender. Vejam que para alguém se defender terá que haver uma agressão. No discurso o apóstolo não deu todos os detalhes para percebermos o que levou um missionário a ter agredido o seu companheiro quando este o assediava e o objectivo da citação desta experiência pessoal é de que os rapazes deviam resistir vigorosamente aos assédios sexuais destas pessoas que tentam engana-los que a homossexualidade não tem nada de errado. Concedo que o apóstolo poderá ter usado um exemplo extremo para demonstrar o grau de resistência que se deve ter com este tipo de tentações, porém vejam que é um discurso com quase 40 anos, na altura essa história foi vista como sendo banal e ninguém na altura se indignou, e vejam bem que os movimentos LGBT já existiam. No início dessa década a homossexualidade tinha deixado de ser considerada doença pela APA (American Psiquiatric Association) por força de movimentos LGBT (não por nenhuma descoberta científica). Por outro lado há situações que se justifica uma resistência vigorosa e até violenta como por exemplo um assédio de um pedófilo (LGBT ou não), uma violação, etc.

Na minha opinião esta acusação é difamatória e pelo que sei em Portugal é crime difamar o bom nome de pessoa falecida mas pelos vistos no Brasil o código penal não prevê punição.

Portanto só me resta dizer para não se deixarem enganar pelas pretensas boas intenções do blogue Vozes Mórmons.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Maledicente, oportunista, ignorante ou teimoso?

Na Internet apanha-se muito "lixo" anti-mórmon. Muitos dos autores desse tipo de "literatura" são pessoas de outras religiões que de uma forma pouco ética tentam captar mais fiéis para a sua congregação dizendo mal do Mormonismo e satisfazendo a curiosidade mórbida dos seus prosélitos com maledicências.

Confundindo-se com o grupo anterior existem os oportunistas a facturar imenso com publicações anti-mórmons, tais como livros e DVDs, e ainda pedem donativos para os ajudarem nas suas cruzadas contra a Igreja. É incrível, mas existe muita gente a viver à custa de dizer mal dos outros!

Consequência dos grupos anteriores, existem outro grupo de pessoas, são os que designo por ignorantes. São ignorantes porque não são criadores destas maledicências, mas são divulgadores das mesmas. São um pouco iludidos pelos maledicentes e os oportunistas. Na maior parte das vezes nem sabem bem o que estão divulgar.

Detecta-se um ignorante, porque costumam ter um comportamento semelhante quando são contrariados com argumentos apologéticos dos membros da Igreja. Normalmente os ignorantes, como só sabem copiar, não sabem como argumentar e então ou repetem o que estão a dizer ou mudam de assunto repetindo outro ataque ao Mormonismo.

Geograficamente falando, os primeiros dois grupos existem mais nos países anglo-saxónicos, mais propriamente nos EUA. Os ignorantes (clientes dos primeiros) estão espalhados pelo mundo fora. No mundo Lusófono, apanhamos mais pessoas deste último grupo.

Tenho que admitir que recentemente fui surpreendido por ter encontrado alguém que não poderei classificar como fazendo parte dos grupos referidos anteriormente. encontrei um blogue aparentemente político (de tendência de direita) cujo autor quis criticar uma campanha gay, porém foi infeliz ao sugerir que a Igreja SUD (ele disse Igreja Mórmon) praticava o casamento polígamo.

Este "genial" autor quando foi confrontado com argumentos apologéticos, isto é de que a nossa Igreja não tem casamentos polígamos e que ele estava a confundir com a Igreja Fundamentalista, este senhor teve uma atitude surpreendente ao responder com termos insultuosos, como se diz aqui do Norte, "do piorio".

Quando eu vi a originalidade deste comportamento, porque a primeira defesa apologética não foi da minha autoria, reforcei o que foi dito, usando fontes. Só que este senhor simplesmente bloqueou os meus comentários, porque provavam a falsidade das suas afirmações.

É triste como as pessoas agem para esconder as suas fraquezas, mas pelo menos este senhor teve o mérito de me ter surpreendido.

sábado, 10 de setembro de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

A Igreja e a Política

A Igreja SUD é apartidária, mais especificamente:

Não endossa, promove ou opõe-se a partidos políticos, candidatos ou plataformas.
Não permite que edifícios da Igreja, listas de membros ou outros recursos sejam utilizados para fins políticos partidários.
Não direcciona os seus membros a respeito de qual candidato ou partido devem dar seus votos. Esta política se aplica a qualquer candidato a um cargo político seja membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou não.
Não exerce influências para direccionar ou ditar um líder do governo.


Por outro lado a Igreja encoraja os seus membros a participarem de um modo cível e responsável na sociedade e comunidades que pertençam, por exemplo votando nas eleições locais (ver comunicação oficial da Igreja), e reserva-se o direito, sendo uma organização religiosa, de se pronunciar sobre assuntos cujo significado moral ou comunitário afecte os interesses e objectivos da Igreja. Exemplo disso foi a intervenção da Igreja sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo no estado de California em 2008.

Constata-se a neutralidade política da Igreja quando, por exemplo nos EUA, membros da Igreja estão em lados opostos da barricada política, mais concretamente, o líder da bancada Democrática do Senado dos EUA é um membro da igreja (Harry Reid) e por outro lado actualmente estão 2 membros da Igreja a concorrer para a presidência dos EUA (Mitt Romney e Jon Huntsman) pelos Republicanos.

Infelizmente, há quem misture a política com a religião, e muito especialmente os repórteres têm a tendência de misturar o que não deve ser misturado. Saliente-se na primeira campanha do Mitt Romney em 2008 da "verdadeira intolerancia religiosa" orquestrada pelos mídia norte americanos.

Essa perseguição tem sido mais moderada, mas de vez em quando, algum repórter imprudente cai na tentação da intolerância. O mais interessante é num caso desses, as críticas a esse comportamento intolerante vieram de um pastor evangêlico. Também já era hora dos evangélicos se redimirem!

sábado, 9 de julho de 2011

Jornalismo imparcial

Infelizmente tenho verificado algum jornalismo de má qualidade quando se escreve artigos sobre a Igreja SUD. Deixo aqui um vídeo produzido na CNN que explica alguns conceitos do Mormonismo. Pode ser que alguns colegas Portugueses aprendam alguma coisa...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Moralidade da Poligamia

Há uns anos atrás estava eu no Centro de História da Família no Porto e apareceu uma senhora com o intuito de fazer a sua genealogia. Depois de eu lhe dar algumas dicas, a referida senhora continuou a falar comigo sobre a Igreja. Durante a nossa conversação, ela confessou-me que tinha uma percepção errada sobre os Mórmons, pensava ela que os mórmons eram uns devassos e promíscuos por terem muitas mulheres.

Eu por fim expliquei-lhe que a Igreja no passado teve uma prática de casamento plural e que não era uma libertinagem. O casamento plural era um homem casar com mais do que uma mulher, mas também teria que manter-se fiel a essas esposas. Portanto se um homem fosse infiel às suas esposas também estaria a cometer adultério. Também lhe expliquei que essa prática não existe na Igreja há mais de um século, e citei-lhe o meu caso pessoal que tinha um casamento monogâmico (e feliz!), tal como todos os actuais membros casados da Igreja.

Parece ser comum entre as pessoas que culturalmente vivam dentro de uma sociedade monogâmica considerarem a poligamia como uma grande promiscuidade. Isto é, como se fosse uma forma legal de cometer adultério e ser infiel ao cônjuge às claras.

Quem pensa assim está muito equivocado!

A Bíblia relata-nos imensas histórias de homens, considerados fiéis a Deus, mas que tinham mais de uma esposa, como por exemplo Abrãao, Isaque, Jacó e outros.

A poligamia, mais propriamente a poliginia (homem casado com mais do que uma esposa) também era regulamentada pela lei Mosaica (Exodo 21:10, Deut. 21:15-17, e Deut. 17:17) e a prática do levirato (Deut, 25:5-6) que obrigava o irmão de alguém falecido a casar com a viúva, é referida imensas vezes, tratando – se de uma prática muito comum entre o povo Judeu durante imensos séculos.

Parece-me muito estranho que uma prática pretensiosamente imoral seja tão divulgada na bíblia e tenha sido regulamentada por uma lei que à partida foi dada por Deus a Moisés!

Cristãos fundamentalistas costumam confirmar a existência da Poligamia no Velho Testamento, mas que esta terá sido abolida por Cristo nos seus ensinamentos sobre o Casamento. É costume utIlizarem as citações do Salvador em Mateus 19:9:

Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério

Esses fundamentalistas argumentam que a referida escritura é bastante clara a considerar pecaminoso o casamento com outra mulher. Porém se analisarem o capítulo desde o início pode se verificar que essa é uma interpretação muito restrita das palavras do Salvador.

Primeiro, o Salvador não está falar sobre a situação de um homem casar-se com mais do que uma mulher, mas sim sobre o divórcio. Os assuntos podem ser relacionados, mas por senso comum, é clara a distinção dos dois tópicos. Portanto o Salvador o que está a dizer é que é adultério um homem que se divorcia para casar com outra. Portanto primeiro tem que haver divórcio seguido de casamento para se concretizar o pecado. Homem que se casa com outra esposa, sem se divorciar da primeira, a escritura é simplesmente omissa sobre esse assunto.

Depois o Salvador faz uma distinção entre o conceito de casamento instituído no início e o da lei de Moisés no vers 8:

Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.”

Portanto a lei de Moisés permitia o divórcio por causa da dureza dos corações dos homens, mas verdadeira lei do casamento é a que foi instituída no início. Portanto ele claramente rejeita as leis matrimoniais reguladas na lei mosaica, mas aceita as que foram instituídas no início, portanto como a Poligamia já existia antes de Moisés então a Poligamia não foi abolida pelo Salvador.

Parece-me também interessante e de certa forma confirma o raciocínio anterior, que o apóstolo Paulo associe o patriarca Abraão com o evangelho quando diz:

Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti
” (Gálatas 3:7-8).

Diz aqui o apóstolo que Abrãao, um grande praticante do casamento plural, é dado como exemplo de vivência do evangelho. Ora se Abraão viveu o evangelho, então a poligamia é compatível com o evangelho.

Parece-me então abusador e despropositado acusar os membros da nossa igreja que durante o Sec. XIX foram praticantes do Casamento Plural então também teremos de considerar imorais muitas personagens bíblicas.